Alexandre Herchcovitch – Verão 2014 – Foto: Ag. Fotosite
por Sylvain Justum
O verão de Alexandre Herchcovitch, apresentado nesta quinta-feira (21.03) no SPFW, é uma coleção de contrastes. Contraste entre o preto e o branco dominantes, mas também entre recato e abuso e entre rigidez e fluidez.
As mulheres de Alexandre têm múltipla personalidade. Transitam com desenvoltura entre a silhueta comportada dos anos 1940, de saias pelos joelhos e decote fechadinho, flertam com os anos 1920 na beleza, até chegar na estética biker noventista, de comprimento míni e zíperes aparentes. Tudo isso sem uma única calça, apenas vestidos e mais vestidos e uma ou outra saia. Ladylike total. É uma aristocracia meio desalinhada, certinha pero no mucho. Conceito que começa nos cabelos, ondulados de um lado só, mas com fios fora do lugar, ameaçando desmontar. Belle Époque meets 2013.
O diálogo de materiais opõe o cetim duchese duplo como estrutura principal dos primeiros vestidos, e o crepe georgette de seda, nas mesmas peças, em delicados barrados sacolejantes. O embate segue por toda a apresentação, com crepe e couro, cetim e renda preta. Um hard & soft contínuo, que quer ver a mulher pelas costas, já que muita coisa acontece ali: casacos pendurados para trás e volumes em ruffles nos casaquetos, por exemplo. Na silhueta, é possível encontrar formas mais afastadas do corpo, com volumes localizados, mas também sobra espaço para um vestido body-con de crepe bege, mais explicitamente sexy.
Na cartela minimalista, a exceção colorida vem sombria, em roxo de tafetá, com discretos fios de lurex. Nas padronagens, os grafismos de Alexandre começam discretos, em riscas-de-giz interrompidas e coladas em patchwork, passam pelas faixas mais largas e terminam na pelagem zebrada,que tinge a porção mais rock´n´roll do desfile. Uma coleção delicada e intrigante, envolta em um mistério alimentado pelo silêncio do estilista a respeito antes do desfile e pela ausência de qualquer release introdutório. Alexandre gosta de fazer pensar. Que bom.
O look: o vestido sem mangas, de print zebrado e barra plissada de Fabi Mayer sintetiza bem a coleção: safári de época, com uma sensualidade suave e misteriosa.
Acessório: Podre de chique, o escarpim gráfico, preto envernizado e de salto stiletto mescla referências da coleção
Nenhum comentário:
Postar um comentário