Resumo Fashion Rio Dia #1
© Romeu Silveira
>> Começou assim, meio escuro, úmido e com uma chuva que não tem nada a cara do Rio. Mas começou. Lá pela hora do almoço o sol ameaçou sair, mas logo foi embora. E assim veio o 1º dia de Fashion Rio, meio volta às aulas, meio festa de réveillon atrasada _fashionistas reunidos aos abraços e beijinhos de feliz ano novo.
A moda? Só se falava em outra coisa. Pelo menos durante os primeiros desfiles. Afinal, Amy Winehouse se apresentou na noite anterior. Daí todo mundo queria ouvir a opinião da pessoa ao lado. Coçou o nariz? Bebeu? Soltou a voz? Esqueceu a letra? Foi bom?
Alessa inverno 2011 © Agência Fotosite
>> Bem, o show eu não sei, mas o desfile da Alessa que abriu oficialmente a semana da moda carioca foi uma ótima injeção de bom humor, tão essencial para um começo de temporada.
“Mais texturas e menos estampas”, foi assim que a estilista idealizou e sintetizou seu inverno 2011. A coleção falava de doces, e como estes remetem quase que diretamente à festas, foi ocasião perfeita para a estilista mostrar seus primeiros looks nesse segmento. Obviamente tudo a seu jeito. Daí as longas saias paetizadas, os macacões todos brilhantes e até alguns detalhes em pele, responsável por adicionar uma dose de glamour e sofisticação ao universo kitsch da estilista.
Suas famosas estampas continuam lá, agora como cupcackes, jujubas e outros doces. Tudo meio que imerso numa vontade 70’s que vem desde a temporada passada tomando força _ vide as saionas amplas, os vestidões estampados e as formas amplas de uma forma geral. Ah, e tudo sob olhar afiado do stylist Daniel Ueda, responsável por deixar esse banquete delicatessen ainda mais gostoso. O look de vestido com uma jaqueta de paetê amarrada na cintura já é um clássico de Ueda, que tem na moda urbana uma das raízes de seu trabalho. E na trilha, músicas que falam de… balas, claro. Como “I Want Candy”, do Bow Wow Wow, e a sempre incrível “Candy”, de Iggy Pop e Kate Pierson, do B-52’s.
Filhas de Gaia inverno 2011 © Agência Fotosite
>> 2º desfile, atraso de pouco mais de 30 min, e Amy continuava no trending topics dos fashionistas. Mas à medida que portas abriam e fechavam misteriosamente sob uma névoa branca na passarela, o foco do assunto passava a ser outro: a coleção, descomplicada e menos estruturada, da marca Filhas de Gaia. O ponto de partida agora é o universo de mistério de Agatha Christie, trazendo junto um exercício com alfaiataria _algo que pareceu novo, ou no mínimo fresco, para o repertório das estilistas Marcela Calmon e Renata Salles.
Havia algo sexy e poderoso nas saias longas com fendas ousadas combinadas com borgues de saltos altos e camisas de seda transparentes. Ou então naqueles blazeres alongados ou com lapelas angulares lembrando o corte de gravatas. Uma androginia leve, ainda que imponente. Delicada ao mesmo tempo que forte. E já que mencionamos as gravatas, estas faziam as vezes de ajustes ou então emprestavam suas estampas para vestidos (de comprimento midi ou longuete) e macacões.
Melk Z-Da inverno 2011 © Agência Fotosite
>> O pernambucano Melk Z-Da olhou para Fernando de Noronha quando a ilha ainda era uma prisão. Da “Lenda da Alemõa” _uma loira que seduzia os homens na praia, para depois se revelar uma caveira e fazê-los se jogarem ao mar aterrorizados_ tirou a ideia para os cabelos _loiro, preto e até azul_ que decoravam suas saias, vestidos e casacos. E da rica e colorida vida marinha que rodeia a ilha, vêm a parte mais forte com os vestidos e o casaco estruturados que abrem o desfile. Uma alfaiataria construída em tecidos espessos de onde “brotam” tentáculos como de anêmonas e fiapos de lã fazendo das roupas quase como recifes de corais futuristas.
Patachou inverno 2011 © Agência Fotosite
>> A Patachou, fechou o 1º dia com trilha dramática, quase tensa, mas colocou na passarela uma coleção descomplicada de formas soltas, na dose certa da sensualidade e drama. Vestidos de formas alongadas, cintura deslocada para altura do quadril e uma certa assimetria quase que orgânica falavam de um sexy misterioso e sedutor, como os filmes clássicos de suspense que serviram como inspiração. Serviu-se de uma ótima equipe de styling e beleza, boas modelos na passarela e uma obra de Ravel tocada ao vivo pelo maestro e pianista João Carlos Martins.
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